Mel de Bracatinga. Ou mel de melato
18 de março de 2021Saiba mais sobre essa variedade de mel que não tem origem no néctar da flores, tem menor índice glicêmico e é ainda mais rico em minerais e ativos que ajudam na imunidade e no tratamento de questões respiratórias
Mel Orgânico de Bracatinga – ou mel de melato. Alimento que até pouco tempo era descartado por não se enxergar valor comercial, mas que passou a ser considerado ouro quando caiu nas mãos dos alemães, que analisaram e descobriram riquezas nutricionais e medicinais. Nossos avós também já sabiam disso pela prática, pois tratavam resfriados e outras questões respiratórias com ele, mas isso infelizmente não era suficiente para o mercado acreditar na sua qualidade.
O mel de bracatinga é originado a partir de um ciclo natural, que acontece a cada dois anos, iniciado pelas cochonilhas, insetos que infestam os caules das bracatingas para sugar e se alimentar da seiva da árvore. Nesse processo, são criados na base do caule fios, parecidos com fios de cabelo, com uma gotícula clara e açucarada na ponta. Essa gota é o melato, parte da alimentação que as cochonilhas não utilizam. Mas as abelhas africanas vão lá, se alimentam e produzem o conhecido mel de bracatinga. Isso só acontece em pouquíssimas regiões do mundo, como a serra catarinense, que tem uma das maiores malhas da bracatingas.
Por não ser um mel originado a partir do néctar das flores, mas da seiva de uma árvore, o mel de bracatinga tem menos açúcar e, consequentemente, é menos doce e tem menor índice glicêmico, indicado por alguns médicos, inclusive, para pacientes com diabetes. Além disso, essa variedade regional de mel tem índices maiores de alguns minerais, como ferro, manganês e magnésio, o que faz dele um alimento ainda mais rico nutricionalmente.
Em 2017, em um seminário internacional de apicultura realizado na Turquia, o mel de bracatinga da serra catarinense foi premiado, entre mais de 800 variedades, como o melhor mel do mundo.
Manejo orgânico
Muita gente se pergunta o que seria um mel orgânico. Segundo Sandro Tasquetto, produtor orgânico da serra catarinense e proprietário da Fruta Fina, que produz tanto mel silvestre quanto o de bracatinga, a produção do mel orgânico engloba uma série de boas práticas, a começar pelo raio onde as abelhas estão. É preciso que na região não se tenha produção convencional, com uso de agrotóxicos e outros defensivos agrícolas, pois as abelhas poderiam se alimentar disso. Mas vai além dessa regra.
Um manejo orgânico responsável, segundo Sandro, faz um entendimento da natureza para que não se tenha mortandade ou fuga de abelhas por falta de comida. “No manejo convencional a prioridade é quantidade, então é como se as abelhas fossem saqueadas. Se faz retirada do mel de duas a três vezes por ano, inclusive no inverno, o que certamente irá acarretar em falta de comida para elas”. Ele explica que na produção orgânica é feita uma retirada ao ano, no fim da primavera e início do verão, quando há floração abundante para que as abelhas produzam mais mel. E só é feita uma segunda retirada, no fim do verão, se a análise da florada for positiva. Jamais se faz uma terceira retirada, no inverno, para que elas tenham alimento suficiente para passar por esse período de escassez.
Tem mais dúvidas sobre o mel de bracatinga e o manejo orgânico do mel? Escreve pra gente nos comentários.
Foto: FrutaFina